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    Feminismo Líquido: Aquapoéticas Africanas e Imaginários de Género 'Desgeografizados'

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    Liquid Worldings. Imaginários feministas e ecomateriais da água

    Liquid Worldings é uma série de conversas em torno da matéria líquida, atentas às suas agências materiais, fluxos que portam histórias e enredos políticos, a partir de perspectivas feministas pós-humanistas e da ecocrítica materialista. A série propõe abrir espaços de diálogo no âmbito das Humanidades Azuis, considerando a água como matéria expressiva—uma força elementar que molda histórias, lutas e imaginários. Estes encontros convidam-nos a fazer mundos-com a água: a compor-com as suas correntes, através de práticas narrativas incorporadas e multiespécie que desestabilizam os limites entre matéria e significado. Entre os temas abordados estão a aquapoética feminista africana, o activismo e as poéticas hídricas na América Latina indígena, bem como a dimensão política das materialidades sonoras em contextos aquáticos. Estas conversas reflectem sobre como a arte, a literatura e as práticas de escuta situada podem abrir caminhos transformadores para sentir, conhecer e relacionar-se com a água—imaginando outras formas de cuidado, regeneração e resistência.

    Polo Moji analisa a aquapoética feminista africana através do conceito de “feminismo líquido”, que a autora desenvolve para pensar geografias de género e deslocações espaciais na esteira da escravatura e do colonialismo. A sua intervenção parte de textos literários de Nnedi Okorafor, Mia Arderne e Fatou Diome, explorando como narrativas especulativas e de realismo mágico imaginam a água como lugar de intersecção de histórias, afectos e mobilidades em disputa. Através de figuras como Mami Wata e de imagens como o Atlântico enquanto ventre, Moji propõe uma leitura feminista dos modos como o espaço, a memória e os rescaldos oceânicos do império são reimaginados.

    Liquid Worldings propõe um exercício de escuta atenta às ecologias narrativas das águas, onde práticas artísticas e especulativas se tornam formas de fazer-mundo, de regenerar e transformar relações entre corpos, territórios e materialidades líquidas — convocando gestos de resistência, cuidado insurgente e reimaginação radical.

    — Salomé Lopes Coelho, Curadora

    Salomé Lopes Coelho é investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Comunicação da NOVA - FCSH/ Universidade NOVA de Lisboa, com o projeto "Rutmanálise e Ecologias da Imagem em Movimento". É doutorada em Estudos Artísticos e mestre em Filosofia (Universidade NOVA de Lisboa e Universidade Paris -Sorbonne), onde trabalhou na intersecção entre ritmo, filosofia e cinema de mulheres realizadoras. Foi investigadora visitante e professora na Universidade Nacional de Artes, Buenos Aires, e é co-editora de La Furia Umana.