My dreams / Mes Rêves é uma viagem entre fantasias, sonhos angustiantes e imagens encontradas, que retrata cenas de violência e protesto nas ruas de Port-au-Prince. No contexto haitiano, expor a figura masculina negra nua é considerado provocador por ser particularmente tabu. De forma semelhante a trabalhos anteriores, Denis foca-se num assunto que o toca e preocupa: a presença e as ressonâncias históricas do corpo negro. O filme expõe a tensa relação do corpo com o espaço urbano e a força executiva, numa justaposição rotativa do geográfico versus o corporal. Através da coreografia e de uma imagética fantasmagórica, a obra narra histórias de violência, opressão, privação, gula autocentrada e ganância.
Maksaens Denis, My dreams, 2021, vídeo Full HD 1920 x 1080, cor, som, 22'00"
Maksaens Denis é um artista visual nascido e criado no Haiti, que vive entre o Haiti e a República Dominicana. Com uma carreira internacional consolidada, tem exposto o seu trabalho em diversas partes do mundo — Europa, América, África e Ásia — incluindo: Bienal de Veneza (2005), Infinite Island, Brooklyn, Nova Iorque (2007), Bienal do Dakar (2010), Bienal de Havana (2011), Haiti, deux siècles de création artistique no Grand Palais, Paris (2015), no Digital arts festival no Halles de Schaerbeek, Bruxelas, Mammon no Museu de Belas-Artes de Split, Croácia (2018), Relational Undercurrents na Califórnia, Nova Iorque e Miami (2018), Forecast Forms no MCA Chicago (2023), Nexus no MOCA Taipei (2023) e Utopias Caribes na Quinta de Bolívar, Bogotá (2025). Denis recebeu várias bolsas, residências e prémios internacionais. Em 2021, recebeu o Grand Prix OvNi no Festival Objectif Vidéo Nice (OvNi) pela sua vídeo-instalação My dreams, e em 2023 foi distinguido com o Prémio de Residência do Instituto Sacatar na Videobrasil. Reconhecido como um dos pioneiros da arte digital e multimédia nas Caraíbas, Maksaens Denis destaca-se pela utilização de técnicas de vídeo mapping e pela sua abordagem estética singular. O seu trabalho explora a tensão entre a abstração vibrante e colorida e o realismo de imagens a cores ou a preto e branco, cruzando frequentemente elementos da cultura Vodou com influências visuais oriundas da música eletrónica. Denis colabora regularmente com artistas de diferentes disciplinas — das artes visuais à fotografia, poesia, dança e performance — em residências e projetos desenvolvidos internacionalmente. A sua obra El mando integra a coleção do Museo Wilfredo Lam, e a instalação Kwa Bawon faz parte da coleção do Museum of Contemporary Art Chicago.